Fraga

Estendo o corpo exaurido sobre a rocha
Como farrapo velho ao sol a secar
Da cabeça fluem os pensamentos
Como uma nascente a jorrar
Descem fraga abaixo
Pelos ombros desta serra
Sustenta-me a vida
Sustenta-me a terra
Aconchega-me o abraço do vento
Com um manto azul infinito
Acaricia-me a casca queimada
Beija-me de leve a alma rasgada
As cicatrizes de pele remendada
Crónicas de cada batalha travada
Em mausoléu transbordante de vida
E de sonho, e de riso, e melancolia
E quando a fonte pára de cantar
Consigo ouvir a luz a sussurrar
"Tudo está no seu lugar."

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