Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2018

Danças na escuridão

Apagaram-se as luzes. E nós ainda estávamos a dançar, tantos passos ainda por dar… Mas apagaram-se as luzes e, de súbito, tu já não estavas lá. As minhas mãos, que momentos antes se agarravam a ti, tactearam cegamente o vazio da escuridão. Tropecei. Caí. Perdi o chão, tive de o abraçar para o encontrar. Para me encontrar? “À noite todos os gatos são pardos” e eu não fui excepção. Encontrei-me; a custo de uma sombra mais negra que a escuridão que me rodeava. A minha. Depois de a coser ao corpo, ergui-me. Podia estar cego mas não surdo; a música não parou? Não. A música não parou, nem por um segundo. E o corpo sabe, o corpo não esquece. Os movimentos. Os passos. A dança ao ritmo do coração que faz tremer os tímpanos. Então dancei na escuridão. Com alma, sem alma; consciente e inconscientemente. Por paixão. Sem ela. Ainda que dance sozinho. Até que alguém acenda as luzes.

Carta deixada numa porta fechada.

Esta carta é para ti, a cuja porta fui bater mas não a abriste. Eu sei que não nos conhecemos, mas foi por isso que te bati à porta. Porque te queria conhecer. E porque me queria dar a conhecer, também. De coração aberto. Sem reservas, sem segundas intenções. Provavelmente pensaste que era mais um rapaz como os outros. Provavelmente pensaste que eu só te queria usar e deitar fora, como é moda agora. Provavelmente pensaste que irias perder tempo comigo para nada, porque os homens são todos uns merdas que só querem sexo descomprometido e inconsequente. E provavelmente continuaste o teu dia sem pensar mais em mim. Mas queres saber uma coisa? Eu fiquei a pensar em ti. Porque tive de reunir toda a coragem que consegui para te ir bater à porta. Porque eu não sou mais um desses engatatões que te seduzem com duas tretas tão bem elaboradas que te fazem acreditar em príncipes encantados, para no fim te deixarem com a certeza de que vives rodeada de sapos. Porque algo em ti me despertou a curios